
O juiz pontuou que
não considera os ritos afro-brasileiros, como umbanda e candomblé, como
religião, pois não seguem um livro-base, como a Bíblia é para o cristianismo, e
nem cultuam uma divindade específica. A opinião do juiz foi expressa numa sentença de uma ação que o
Ministério Público move contra o YouTube, pedindo a retirada de vídeos que
possuem material considerado ofensivo a esses cultos, o que feriria a liberdade
religiosa.
Os protestos contra
a decisão do juiz foram
registrados de diversas partes, incluindo a comunidade cristã. “A definição de
religião que o juiz tem na cabeça revela total desconhecimento das teses
teológicas”, disse o frei franciscano David Raimundo dos Santos. “Caso os
membros das religiões afro façam protestos, terão o apoio de nós, católicos”,
afirmou o frei ao jornal O Dia.
O pastor Henrique Vieira, dirigente
de uma Igreja Batista, demonstrou surpresa com a postura do juiz e manifestou
solidariedade aos representantes dos ritos afro-brasileiros: “Essa decisão
desrespeita a identidade cultural e religiosa que é legítima. É uma violência
que se dá no âmbito do discurso”, frisou.
O autor da denúncia sobre os vídeos
que levou o Ministério Público a mover a ação, babalorixá Marcio Jagun, disse
que a sentença do juiz reforçou o preconceito: “O magistrado acabou
fundamentando as agressões. Se ele, enquanto autoridade, desconsidera como
manifestação legítima, acaba referendando as agressões”.
A repercussão do caso levou os
representantes das religiões afro-brasileiras a se organizarem para pedir ao
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que investigue o juiz Araújo, de acordo com
informações da Folha de S. Paulo. “A decisão foi absurda e lamentável, porque
fere a Constituição. Na prática, o juiz pode dificultar que as religiões de
origem africana tenham acesso aos mesmos direitos das outras, como o
cristianismo e o judaísmo”, comentou o deputado Edson Santos (PT-RJ),
ex-ministro da Igualdade Racial.
Diante da polêmica, o juiz optou por
não comentar sua decisão, e o procurador responsável pela ação, Jaime
Mitropoulos, classificou a sentença como “absurda”.
Fonte: http://noticias.gospelmais.com.br/
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