O testemunho de fé de Silvia, uma mãe corajosa “Ali o nosso ‘sim’ se fez carne”
Vestida de branco, muito simples, caminha abraçada ao marido Giovanni. Tudo nela fala de simplicidade: é Silvia, “mãe corajosa”. Seus olhos inchados enquanto falava de Benedetto:
Desde que vivo em Cremona, presto serviço como voluntária no Centro Aiuto Vita, que fica no hospital. Isto me permitiu me confrontar mais vezes com a questão do aborto e com histórias difíceis de mulheres que enfrentaram gravidezes com várias dificuldades. Mas vivia tudo isto com uma certa distância e talvez um pouco inconscientemente, porque me achava sortuda, com meus três filhos e a minha vida tranquila.
No último ano tinha conhecido a história de Chiara Corbella Petrillo, que me comoveu muito, deixou-me sem ar, pela evidente simplicidade e alegria com a qual esta jovem mulher tinha afrontado suas provas, junto ao marido: como não desejar uma fé assim também para mim? Parecia-me impossível.
Isto contribuiu a fazer nascer em mim o desejo de acolher uma outra criança, respondendo também a uma questão sempre aberta para meu marido, “já chega?”. Vinham em minha mente muitas coisas como objeção: já temos três filhos, o dinheiro nunca é suficiente, a hipoteca que parece nunca ter fim, a escolha das escolas particulares católicas, os problemas de organização (não tendo avós por perto), o trabalho que levava o tempo e o último medo ligado à possibilidade que desta vez não andasse tudo bem como nas outras, que pudesse nascer um filho com deficiência, ou Síndrome de Down, visto os meus 37 anos.
Mas o desejo em mim crescia. Comecei a rezar e a gravidez aconteceu. Meu coração, porém, não estava tranquilo. A cada dor corria para o hospital para controlar, como se meu coração já soubesse que aquela criança não era para nós. Chegou o dia 23 de dezembro, dia do ultrassom no hospital e quis meu marido perto de mim.
Assim que a ginecologista começou a olhar a nossa criança, o clima passou imediatamente de relaxado a gélido e silencioso. O nosso bebê tinha má formação: o cérebro, o coração, um braço, os pés, uma trissomia 18, incompatível com a vida. Eu estava na vigésima semana, por isso a ginecologista me disse que se tivesse feito antes, teria a possibilidade de “escolher”. Com meu marido, sem ter a necessidade nem mesmo de nos olhar, dissemos “sim”: o nosso bebê estava ali, com seu rosto, suas mãos e pernas que se agitavam. Se viveria ou não, não era escolha nossa.
Ele quis assim e assim nós acolhemos. Ele estava vivo e não seria eu, sua mãe, a matá-lo. O primeiro pensamento foi que o Senhor talvez tivesse entendido que eu não seria capaz de cuidar de uma criança deficiente e me deu uma com um mal ainda maior, que a teria levado de mim, provavelmente ainda antes de nascer. Mas a afeição do nosso bebê se fazia sempre maior, ao ponto de pedir o milagre que pudesse de alguma forma sobreviver. Claro que nos dava medo também a ideia do significado de tudo aquilo para nós e nossos filhos, mas se o Senhor o queria, era para nós.
Assim era forte e tenaz Benedetto, tanto que permaneceu até a trigésima quinta semana. Durante a gravidez, apoiamo-nos na equipe da Dra. Vergani e fomos acompanhados também pelo pediatra do mesmo hospital, Dr. Paterlini, e - mesmo de longe - a pediatra Dra. Parravicini, especialista em comfort care, em New York.
Para nós não foram apenas médicos, mas parte de uma companhia que nos ajudou a acolher Benedetto, a querê-lo bem desde o início e a dar-lhe somente aquilo de que precisava, que é aquilo que todos nós precisamos: ser amado e sentir-se amado. Isto me fez também compreender como ser acompanhado por profissionais que, não somente são extremamente preparados no campo deles, mas têm também um olhar aberto à realidade, seja indispensável nestas delicadas circunstâncias: no primeiro ultra-som que fizemos na cidade de Monza, a Dra. Vergani primeiramente buscou compreender se era menino, ou menina, e não longo elencar as más formações que Benedetto trazia.
Quantas vezes, voltando a ele, disse-nos: “é realmente um mistério”. Isto me ajudou a não vacilar: nunca me apareceu na cabeça a dúvida de que fosse tudo inútil, que aqueles meses de gravidez fossem meses jogados ao vento. Penso que nunca tive momentos mais lindos e intensos com meumarido, nossos filhos e amigos que nos acompanharam como irmãos.
Fonte: http://www.aleteia.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário