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Foto: Beni/CPT |
Não
é de hoje o clamor das comunidades que vivem no entorno da INB, a respeito da
sofrida e desesperadora situação vivenciada por eles há décadas no município de
Caetité, bem como os moradores das comunidades e da sede do município de Lagoa
Real. Situação que há muito tempo vem sendo denunciada pelas organizações
e movimentos sociais da região.
Infelizmente
o poder público fecha os olhos para o problema, ou melhor, usam os “óculos
ofertados” pela INB. “Óculos” estes que a empresa tenta colocar na população,
mas “as lentes” são frágeis frente a tanta sujeira e problemas enfrentados pelo
povo.
Salientamos
que não podemos aqui, apenas, responsabilizar a INB, ainda que exista muito a
se cumprir e se fazer por parte da empresa, onde a principal crítica dos movimentos
sociais gira em torno da ausência de transparência e omissão sobre os reais
fatos. Por outro lado, sabemos da responsabilidade ou irresponsabilidade do
Estado frente à População, em que não há por parte deste nenhuma fiscalização e
pressão alguma que possa apoiar especialmente os trabalhadores que vivem no
entorno.
Em
contra partida os sinais e impactos da radioatividade na região estão cada vez
mais alarmante. Recentemente o Jornal Estadão fez um conjunto de
reportagem denunciando as irregularidades e absurdos que as famílias de Lagoa
Real vêm passando. O destaque das matérias foi especialmente, para a
situação do Sr. Osvaldo da Faz. Varginha, Lagoa Real – Bahia, que abriu um poço
artesiano em sua propriedade para fazer uso doméstico e para consumo dos
animais e plantação.
Entretanto
após desconfiança sobre a qualidade da água e solicitação de análise à INB os
resultados apresentaram presença de teor de urânio quatro vezes acima do
permitido para o consumo humano. Além dos riscos que a família está envolvida,
o que chocou na matéria foi a atitude da empresa INB, que somente informou a
prefeitura, sobre o caso, sete meses após ter obtido o resultado da análise.
As denúncias
do Jornal provocaram os órgãos do Estado, que logo após, ensaiaram algumas reações
com vista (na percepção deles) solucionar o problema. Apresentou, entre as
propostas, a construção de uma grande força tarefa com o objetivo de fazer
análises e monitoramento dos poços artesianos, porém a força tarefa não passou
de um “cala boca”, pois apenas dois poços foram analisados e mesmo os
resultados apontando a continuidade da contaminação, nada foi feito pelo
município de Lagoa Real que segundo dados do próprio município mais de 90 poços
estão perfurados e não houveram nenhum tipo de análise e monitoramento até o
momento.
O
caso segue mobilizando a sociedade e as organizações sociais. Neste sentido
ontem, 19 de outubro, ocorreu em Lagoa Real a plenária ordinária da Câmara de
Vereadores, na qual foi concedida o direito a tribuna ao Pe. Osvaldino Barbosa
e a prof. Adélia Nunes para falar sobre os riscos e preocupações com a situação
vivenciadas pelas comunidades e população da região, enquanto representantes da
Comissão Paroquial de Meio Ambiente – CPMA, organização que acompanha as
comunidades do entorno da INB.
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Pe. Osvaldino denuncia descaso do Estado com a População de Lagoa Real.
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Osvaldino
fez uso da palavra destacando o Descaso do Estado, assim como uma falsa
polêmica sobre qual o real motivo da contaminação: natural ou provocado pela
atividade da empresa? Já que isto não retira os riscos e perigo que as famílias
estão correndo, assim como não garante resolução dos problemas. Ainda neste
aspecto, assim como frisou a prof. Adélia, foi solicitado também o compromisso
da Câmara de Vereadores para que pressionem os outros órgãos do município e especialmente os órgãos do Estado para que tomem providências urgentes.
Destacando a necessidade de construir pressão para que a velha promessa
referente ao hospital de oncologia em Caetité possa se concretizar, para que as
famílias com câncer possam ter um local próximo para serem atendidas e
tratadas.
Os
vereadores presentes se comprometeram em estar trabalhando para que as soluções
cabíveis sejam tomadas pelos órgãos competentes.
Hoje,
terça feira, em Brasília, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável da Câmara realiza audiência pública para discutir a contaminação de
água por alto teor de urânio detectada no poço da zona rural de Lagoa Real.
Segundo
nota do Estadão, estão confirmadas as presenças do secretário de Meio Ambiente
do Estado da Bahia, Eugênio Spengler, do diretor de licenciamento ambiental do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Thomaz Miazaki de Toledo, do engenheiro representante das Indústrias
Nucleares do Brasil (INB), Pedro Luiz dos Santos Dias, e dirigente da ONG
Movimento Paulo Jackson, Zoraide Vilasboas.
Todo
este conjunto de inciativas nesse momento com vista a refletir, compreender,
denunciar, sugerir e exigir compromissos dos órgãos competentes é de extrema
relevância para que a população saia da incerteza e consiga obter soluções
urgentes e concretas que respondam seus anseios.
Por
Beniezio Eduardo
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