Neste
domingo, Francisco será o terceiro a visitar a Grande Sinagoga de Roma.
O momento
histórico está prestes a completar 30 anos: em 13 de abril de 1986, São
João Paulo II foi o primeiro papa a realizar aquele gesto
desconcertante – e, ao mesmo tempo, tão longamente esperado. O Concílio
Vaticano II, em particular mediante a Nostra Aetate, já tinha dado
um grande impulso ao diálogo entre a Igreja e as outras religiões, com olhar
especial para o judaísmo. Mas, em dois mil anos de cristianismo, nunca um papa
tinha feito antes uma visita oficial a uma sinagoga.
Isso não
quer dizer que, entre os pontífices anteriores, não tivesse havido nenhum
precedente. Em 1959, São João XXIII passava de carro, com o
cortejo papal, diante da sinagoga de Roma justamente num sábado e no momento em
que os judeus saíam do seu templo. O Santo Padre mandou parar o carro e, num
gesto surpreendente, lhes deu a bênção. A resposta? Os judeus se aproximaram do
papa para aplaudi-lo e cumprimentá-lo.
Em 1964, Paulo
VI viajou à Terra Santa em mais um passo histórico de reaproximação.
E, de passo em passo, São João Paulo II foi dando continuidade aos avanços: ele
extinguiu a expressão “pérfidos judeus”, que aparecia na oração da
Sexta-Feira Santa, passou a se referir aos judeus como “nossos irmãos mais
velhos” e, finalmente, há 30 anos, entrou no templo judaico de Roma
juntamente com o então rabino-chefe, Elio Toaff, que descreve:
“Passamos
em meio ao público silencioso, de pé, como num sonho, seguidos por cardeais,
bispos e rabinos; um cortejo insólito e, certamente, único na longa história da
sinagoga. Subimos à tevá e nos voltamos para o público. Foi quando os aplausos
explodiram. Longuíssimos aplausos, libertadores, não só para mim, mas para todo
o público, que, finalmente, entendia a fundo a importância daquele momento. Os
aplausos voltaram a irromper, irrefreáveis, quando o papa declarou: ‘Vocês são
os nossos irmãos amados e, de certa forma, os nossos irmãos mais velhos’”.
Em 2010, Bento
XVI também foi à sinagoga de Roma, fazendo questão de evocar a visita
do seu predecessor, que, nas palavras de Ratzinger, “quis fazer uma
contribuição decisiva à consolidação das boas relações entre as nossas
comunidades, a fim de superar toda incompreensão e preconceito. Esta minha
visita segue o caminho já traçado, para confirmá-lo e reforçá-lo”. O papa Bento
ainda fez a mesma oração que João Paulo II já tinha elevado a Deus junto ao
Muro das Lamentações, em sua visita de 26 de março de 2000 a Jerusalém:
“Estamos
profundamente entristecidos pelo comportamento daqueles que, no decurso da
história, fizeram sofrer esses teus filhos; e, pedindo-te perdão, queremos
empenhar-nos em viver uma autêntica fraternidade com o povo da Aliança”.
Francisco, desde antes de ser eleito papa,
esteve sempre perto dos judeus e cultivou uma longa amizade com o rabino
Abraham Skorka, de Buenos Aires. Agora, como pontífice, ele vai ao encontro dos
nossos “irmãos mais velhos” na Grande Sinagoga de Roma em plena 27ª Jornada da
Igreja Italiana para o Diálogo entre Católicos e Judeus; em plena explosão de
dramáticos conflitos de implicações religiosas em todo o planeta; em pleno
Jubileu da Misericórdia.
Oremos
pela paz entre os homens de boa vontade, para que, através da sua abertura e
diálogo, as consciências se tornem dóceis ao sopro do Espírito Santo, que
transforma os corações.
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Fonte: http://pt.aleteia.org/
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