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JC, o ex-sócio de Eike, quando ainda usava branco, a bordo do jatinho, sobre ser bilionário: “Isso é balela, sou um batalhador” |
É a primeira descoberta de neodímio no Brasil
similar ao maior depósito do mundo, que é Baotu, na China. Encontramos teores
de concentração semelhantes ao neodímio chinês, com 12,75%. O da China está com
12%, 14% de concentração”, diz o geólogo.
Nos últimos
tempos, ele só veste preto, que considera a cor do poder. Conserva barba e
cabelos brancos, está sempre de óculos escuros, se diz místico e já foi chamado
pelo The New York Timescomo ‘o geólogo que fala com o cosmo’.
É frequentemente
citado como um dos 20 brasileiros mais ricos, mas garante que a imprensa
exagera quando o chama de bilionário. “Isso é balela, sou um batalhador”,
afirma ao iG o empreendedor baiano João Carlos Cavalcanti, o JC,
conhecido no mundo da geologia como o ‘farejador de minérios’ depois de ter
descoberto minas gigantes de fosfato, ferro e níquel ao lado de sócios como
Daniel Dantas, Eike Batista e os Ermírio de Moraes, donos do grupo Votorantim.
Após a parceria com Dantas, que diz ter sido
positiva na estruturação da empresa de pesquisa mineral do banqueiro do Opportunity,
a GME4, Cavalcanti criou a World Mineral Resources Participações S.A. (WMR).
Agora, um ano após a estrutura a companhia, afirma ter encontrado na Bahia uma
reserva estimada em 28 milhões de toneladas de neodímio – um dos 17 elementos
que compõe o grupo de minerais chamado terras raras, usados em equipamentos de
alta tecnologia, como carros elétricos, smartphones e tablets. “É a primeira
descoberta de neodímio no Brasil similar ao maior depósito do mundo, que é
Baotu, na China. Encontramos teores de concentração semelhantes ao neodímio
chinês, com 12,75%. O da China está com 12%, 14% de concentração”, diz o
geólogo.
As terras raras têm se valorizado no mercado
internacional após a China estabelecer cotas para exportação do insumo
estratégico para a indústria de alta tecnologia, em represália ao embargo de
navios de carga pelo Japão em 2009. “O preço do neodímio hoje está US$ 300 mil
a tonelada”, observa. Caso as 28 milhões de toneladas sejam extraídas e
vendidas no valor citado por Cavalcanti, a reserva poderia render US$ 8,4
bilhões.
O anúncio formal da descoberta será realizado no
final deste mês ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O próximo
passo será fazer o levantamento detalhado do tamanho da reserva diluída em
rochas compostas por fluoretos de cálcio na cidade de Serra do Ramalho, oeste
da Bahia. “Fizemos estudos geológicos preliminares, já identificamos a mãe do
minério e estamos trabalhando para idenficar o valor final [tamanho do
depósito]”, indica.
Auto-definido como “místico”, Cavalcanti diz ter
descoberto a região onde está o neodímio nos anos 1970, quando começou a
estudar os minerais. Mas foi depois de uma visita à mina chinesa de Baotu que
decidiu averiguar geologicamente o terreno – a WMR requereu 36 áreas ao DNPM,
totalizando 50 mil hectares.
“Eu tinha visto essa jazida em 1974, quando eu
tinha 24 anos e trabalhava para uma empresa do estado [Bahia]. Aí, estive na
China e fui visitar Baotu, que é igualzinho [em incidência de fluorita roxa, a
rocha onde o neodímio está diluído]. Desci no aeroporto de Guarulhos, peguei
meu jato e fui para Bom Jesus da Lapa, meti o martelo para dentro, mandei
avaliar e deu os mesmos teores do neodímio da China”, conta.
O próximo passo depois de confirmar a existência do
mineral será buscar investidores dispostos a aplicar recursos para extrair
terras raras. Mas ao contrário de projetos anteriores, Cavalcanti pretende
manter 51% de controle da WMR. Avesso a ser chamado de empresário e preferindo
a alcunha de empreendedor, o geólogo tenta um novo modelo para atuar no mercado.
O geólogo é conhecido no mercado como o “farejador
de minérios”, após ficar famoso por descobrir reservas e vender inicialmente
70% do negócio para sócios. Foi assim com depósitos minerais negociados com
Eike Batista, no início dos anos 2000, e o com o grupo Votorantim, junto ao
qual mantém 23,75% da Sul Americana Metais – empresa da Votorantim Novos
Negócios, que desenvolve mina de ferro no norte de minas descoberta por
Cavalcanti. “Antes eu descobria, vendia 70% e ficava com 30%. Agora, eu também quero
ser tubarão. Estou tranquilo dessa vez e capitalizado”, indica.
A meta de Cavalcanti é fazer da WMR um condomínio
mineral com cotas de projeto vendidas em processo de concorrência
internacional. “A WMR deverá desenvolver 28 projetos em todo o Brasil”, afirma.
“Estamos colocando cotas no mercado paulatinamente, 14 grandes investidores já
compraram. Temos expectativa de que novos investidores adquiram mais cotas”,
confia.
Ele acaba de voltar de uma rodada de apresentação
de projeto nos Estados Unidos e Canadá, onde se reuniu com investidores
interessados em três grandes projetos: bauxita, ferro e terras raras. “Começa a
ter interesse de bancos de investimentos americanos, canadenses e suíços”,
antecipa. “O investidor chega e diz qual empresa quer entrar. São empresários
que têm faturamento mínimo de US$ 100 milhões cada”, planeja.
Caso a investida seja bem sucedida, a WMR se
tornará uma holding ramificada por empresas administradoras de bens minerais
diferentes. Em seguida, a mineradora irá à BM&Fbovespa. “Pretendo ir ao
mercado daqui a 2,5 ou três anos para fazer um IPO [listagem inicial de ações,
na sigla em inglês]”, diz o geólogo.
Fortuna cobiçada, mas não confirmada
O “voo solo”, como chama a nova fase Cavalcanti aos 64 anos o filho de um ex-oprarário ferroviário nascido em Catulé (BA), só foi possível após negociar a quebra de contratos de não competição firmados com o Opportunity e a Eurasian Natural Resources Corp. (ENRC), mineradora que arrematou mina de ferro Caetité. “As multas [dos contratos] passavam de US$ 100 milhões”, revela.
O “voo solo”, como chama a nova fase Cavalcanti aos 64 anos o filho de um ex-oprarário ferroviário nascido em Catulé (BA), só foi possível após negociar a quebra de contratos de não competição firmados com o Opportunity e a Eurasian Natural Resources Corp. (ENRC), mineradora que arrematou mina de ferro Caetité. “As multas [dos contratos] passavam de US$ 100 milhões”, revela.
O valor, contudo, pode não ser muito para o
empreendedor, cuja riqueza pessoal estimada pelo mercado em R$ 2 bilhões. “O
pessoal confunde a empresa com o meu patrimônio”, garante o empreendedor que
agora investe no ramo hoteleiro em Itacaré (BA). Mas Cavalcanti revela ter sido
sondado pela revista americana Forbes para aparecer na lista dos mais
endinheirados do globo ao lado do desafeto Eike Batista. “A Forbes me ligou,
mas quem gosta de aparecer é peru”, comenta.
Figura conhecida nas rodas sociais da Bahia,
Cavalcanti flertou com o poder na tentativa de ser vice-governador ao lado do
ex-ministro Gedel Vieira, em 2010. Ele resgata o passado humilde como filho de
operário para justificar o bom relacionamento. “Eu não sou mendigo, comecei do
zero, virei classe média, classe média alta e milionário. O Brasil só tem 153
mil milionários, o que é pouco perto dos Estados Unidos, que têm mais de 250
mil. Estou nessa categoria, agora dizer que sou bilionário é mentira. Vou
chegar lá, esse é meu projeto”, confia.
Informações: Portal IG
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