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Foto: Divulgação. |
As investigações
sobre irregularidades em empreendimentos na construção da Usina Nuclear Angra 3
deverão estar concluídas até o final do primeiro semestre deste ano, disse na
quarta-feira (27), no Rio de Janeiro, o secretário executivo do Ministério de Minas
e Energia, Luiz Eduardo Barata. Ele participou na Fundação Getúlio Vargas, do
lançamento da edição sobre energia nuclear da publicação Cadernos FGV Energia.
A auditoria investiga
as condições de todos os contratos das obras de Angra 3, que foram suspensos,
bem como as fontes de financiamento, para apurar esquema de corrupção entre
funcionários
da Eletronuclear e fornecedores. De acordo com a Polícia Federal,
o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, é
suspeito de ter recebido R$ 4,5 milhões de propina em contratos da Andrade
Gutierrez e da Engevix.
Decisões corretas – A expectativa é que
todo o processo envolvendo a usina, com estabelecimento de novo preço para a
energia gerada e novo cronograma da obra, esteja encerrado até o segundo
semestre. “Nós vamos estabelecer um novo preço para a energia e a obra vai ser
retomada. Serão necessários três anos para a conclusão da obra. Eu acredito que
é possível [concluir em] 2020”.
O presidente da
Eletronuclear, Pedro Figueiredo, esclareceu que se a montagem da usina,
englobando tubulações, geradores de vapor, válvulas, não for feita em 48 meses,
a usina não entrará em funcionamento em 2020. “Se nós tomarmos decisões
corretas aqui, no mês de agosto, dá tempo para entrar com essa linha”. Por
outro lado, Figueiredo disse que a primeira coisa necessária é o resultado da
auditoria externa, patrocinada pela Eletrobrás, que vem sendo feita por
advogados americanos, para apurar irregularidades sobre Angra 3. A segunda
condição é a análise do orçamento da montagem, “que gerou essa confusão toda”,
feita por uma empresa independente, a Deloitte.
O orçamento de R$ 2,9
bilhões referentes à montagem eletromecânica de Angra 3 foi considerado
razoável por Figueiredo. “Não teve superfaturamento”, disse, indicando que as
próprias delações feitas na Operação Lava Jato confirmam esse fato. Porém, ele
disse que se chegar agosto deste ano e essas condições não estiverem
resolvidas, Angra 3 dificilmente entrará em operação em 2020.
Novas usinas – O presidente da
Eletronuclear diz que a decisão sobre a construção de novas usinas nucleares no
Brasil compete ao Ministério de Minas e Energia. “É ele que tem o poder, a
caneta e a autonomia para dizer o que a gente vai fazer”. Locais em Pernambuco,
Sergipe e Espírito foram estudados para a construção de novas usinas.
“Por enquanto, é tudo
superficial”, disse Figueiredo. Segundo o presidente, esses lugares atendem aos
critérios básicos, como linhas de transmissão e logística, mas é preciso que
apresentem também infraestrutura industrial, para que não seja preciso repetir
o que foi feito na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis,
na Costa Verde fluminense, onde estão situadas as usinas Angra 1 e 2, onde não
havia sequer telefone e a Eletronuclear teve que construir tudo. “Hoje em dia,
não dá para fazer isso, porque o preço vai lá para a estratosfera”.
Consenso – Autoridades,
acadêmicos e entidades do setor nuclear presentes ao lançamento do caderno da
FGV Energia foram unânimes em analisar que para a retomada do Programa Nuclear
Brasileiro, o Brasil tem que vencer alguns desafios. O principal é a regulação,
ou seja, o estabelecimento de um ambiente jurídico e institucional seguro e
estável. “A legislação sobre o setor nuclear precisa ser revista com urgência”,
disse o presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), João Carlos
Tupinambá.
Outros desafios
indicados pelos especialistas são a manutenção do conhecimento adquirido e o
acompanhamento de desenvolvimentos tecnológicos que ocorrem na área, além do
financiamento e definição do modelo de negócios, que admite a participação do
capital privado. O presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de
Atividades Nucleares (Abdan), Antonio Muller, diz que para que novas usinas
nucleares possam entrar em funcionamento em 2025, “a decisão tem de ser tomada
agora”, porque as obras demoram, em média, cinco anos para serem construídas.
O presidente da
Eletronuclear, Pedro Figueiredo, analisou que a geração nuclear não é a solução
para todos os problemas do setor elétrico brasileiro, entretanto, ele diz que a
combinação entre as fontes eólica (dos ventos), solar, biomassa e nuclear “é
imbatível e o Brasil tem todos esses componentes”.
Fonte: Agência
Brasil.
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