O maior erro que um evangélico pode
cometer hoje em dia é deixar de ser católico. Calma, não se assuste com essa
informação – este está longe de ser um texto a favor do catolicismo romano.
Antes, pretendo abordar como a Reforma Protestante confirma o fato de que nossa
fé é católica
.
Não precisamos ficar confusos. A
palavra católico tem raiz no grego e significa universal.
Logo, ser reformado é ser da igreja universal – não, não estamos falando
daquela igreja do coraçãozinho com a pomba dentro. Brincadeiras à parte, quando
falamos de uma igreja católica, ou universal, estamos falando do fato de que
toda a comunidade de redimidos de Cristo do passado, do presente e do futuro
fazem parte dessa igreja.
Como é sabido, os reformadores nunca
quiseram fundar novas denominações, tanto que o nome do movimento ficou
conhecido como Reforma. Foi o Catolicismo Romano, inflexível a esse espírito,
que gerou essa consequência. O fato é que a grande crítica dos reformadores não
se baseava em o catolicismo romano ser católico de mais, mas porque era
católico de menos. Explico: uma vez que o elemento “Roma” passa a dar
identidade para a igreja, esta já deixou de ser católica. Logo, ela é católica
de menos porque é romana demais.
Os romanistas atacaram os reformados
por abandonarem a tradição da igreja. Mas a questão é que quem de fato se
afastou da tradição pura da igreja foram os romanistas! Não foi esse o
argumento de Calvino, quando escreveu ao rei Francisco I sobre as acusações de
que os reformados desprezavam o conteúdo dos patrísticos, os pais da igreja?
Veja só:
Então, contra nós investem com ímpios
brados como sendo nós desprezadores e inimigos dos patrísticos. Nós, porém, tão
longe estamos de desprezá-los que, se fosse esse nosso presente propósito, de
nenhuma dificuldade me seria possível comprovar-lhes com as próprias opiniões a
maior parte daquilo que estamos hoje afirmando. (CALVINO, p. 31)
Ora, Calvino sabia que a Igreja existia
antes dele. E existia antes do romanismo. Dessa forma, o objetivo dele não era
desprezar todo o conhecimento que grandes homens do passado legaram à igreja,
mas, antes, retornar à Ele! É por isso que podemos bradar em alta voz: ser
reformado é ser católico!
Porque ser católico é crer nas
Escrituras como nossa única base de fé. Ser católico é crer que essa Escritura
nos conta uma história de redenção da humanidade e que converge para Cristo.
Ser católico é crer que esse Cristo pode nos salvar dos nossos pecados. Ser
católico é crer que essa salvação é disponível apenas pela graça e somente pela
fé. Ser católico é crer que toda a nossa vida nesse mundo é um imenso palco
para a glória de Deus!
Nesse sentido, ser católico é crer nos
5 solas. É também crer no credo apostólico como um resumo da
nossa fé. É olhar para o passado e perceber a miríade de credos, confissões,
catecismos que mesmo falíveis nos foram deixados pelos santos de Deus que
passaram nesse mundo. Porque a fé cristã não é minha: é nossa. Só é possível
ser cristão no seio da comunidade que existia antes de você e que vai continuar
existindo depois de você, e com você na eternidade.
Em tempos onde os evangélicos acham que
catecismo é coisa de católico e que o credo é a prece que os católicos usam
para espantar mau-olhado (de fato alguns o usam assim), é difícil resgatar essa
unidade. É ainda mais difícil viver essa unidade em tempos de igrejas que se
descambam para heresias, negando a trindade, tornando-se sabatistas, vendendo o
dom da salvação. Essas seitas assim o fazem por terem esquecido a verdade
católica da Igreja. Contudo, isso é algo fundamental. Precisamos resgatar nossa
herança histórica. Precisamos ser mais católicos.
Por Yuri Fernandes
Referências.
CALVINO, João. Institutas da Religião
Cristã. Edição clássica. Ed. Cultura Cristã.
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