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Foto: Divulgação. |
Guerras, clima e
pandemia aceleram a fome. "Estamos perto de uma catástrofe alimentar
humana: Fome de proporções bíblicas". As Nações Unidas recorrem
a cenários apocalípticos para descrever o que a pandemia de Coronavírus provavelmente desencadeará em
termos de escassez de alimentos para um grande número de pessoas
na Terra.
Um alarme que exige ação imediata para garantir a continuação ou retomada das
trocas consideradas essenciais e o acesso aos financiamentos necessário para
apoiar algumas atividades básicas de produção.
A reportagem
é de Francesco
Semprini, publicada por La
Stampa, 23-04-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
David Beasley,
diretor executivo do Programa
Mundial de Alimentos, proferiu na terça-feira um testemunho
dramático ao Conselho de Segurança da ONU no prédio de vidro de Nova York, entrando em
detalhes sobre os riscos colaterais da epidemia de Covid-19. "Estamos a um passo de uma pandemia de fome",
alerta o número um da agência da ONU,
segundo o qual há pouco tempo disponível para intervir antes que milhões de
pessoas morram de fome.
A intervenção
do diretor ocorre após a publicação do relatório compilado pela ONU e outras
organizações parceiras, segundo as quais pode passar de 135 milhões para mais de 250 milhões o
número de pessoas que correm o risco de passar fome devido à crise, o dobro do valor
estimado antes do início da pandemia. "Devo adverti-los - afirma o chefe do PAM - de que se não
nos prepararmos e agirmos agora para garantir o acesso, evitar escassez de
financiamento e interrupções nas trocas, poderemos ter que enfrentar fome de
proporções bíblicas dentro de poucos meses”.
Atualmente,
mais de trinta países estão em risco de fome e, em dez deles, mais de um milhão
de pessoas já estão a um passo da fome. "Não estamos falando de pessoas que vão dormir
com fome -
explicou Beasley em
uma entrevista posterior ao jornal inglês Guardian - estamos falando de condições extremas,
estado de emergência, pessoas estão literalmente passando fome. Se não fornecermos alimento para as pessoas, elas morrerão. É mais que uma
simples pandemia:
está se criando uma pandemia
de fome. Essa é uma catástrofe humanitária e alimentar”.
Evidentemente,
o problema da fome no mundo não é imputável apenas à nova praga
pandêmica, mas é ele próprio uma praga com raízes profundas e que tem sido
frequentemente discutido principalmente no âmbito da ONU. A questão é que
a Covid-19 e sua disseminação em escala planetária está
causando uma aceleração perigosa. Em sua teleconferência no Palácio de Vidro, o
número um do PMA ressaltou
como, mesmo antes do início da pandemia de Covid-19, ele já afirmava que "2020 teria registrado a
pior crise humanitária desde os tempos da Segunda Guerra Mundial por várias
razões". O diretor Beasley lembrou
"as guerras na Síria e no Iêmen”,” as crises no Sudão do Sul, Burkina Faso e na região central do Sahel", a invasão de
gafanhotos na África e
"os desastres
naturais cada vez mais frequentes", sem esquecer “a
crise econômica no Líbano que
afeta milhões de refugiados sírios”, e ainda “a República Democrática do Congo,
o Sudão,
a Etiópia e a lista continua”.
A esses
fatores então se somou essa nova guerra, mais assimétrica e híbrida que todas
as outras e, portanto, ainda mais sorrateira e letal. "Já estamos lutando
contra a tempestade perfeita", alertou, pedindo a alocação dos cerca de
dois bilhões de dólares já prometidos. "Se recebermos o dinheiro e
mantivermos as cadeias de suprimentos abertas, poderemos evitar a fome -
concluiu Beasley -,
mas somente se agirmos agora poderemos parar tudo isso".
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